sexta-feira, setembro 16, 2022

Piso salarial da enfermagem: entenda os possíveis impactos da lei suspensa pelo STF

Centro do debate está na equação entre a valorização dos profissionais da área e os impactos financeiros para instituições de saúde, estados e municípios.

Por André Catto, g1


Médicos e enfermeiros trabalham em emergência do Hospital Nossa Senhora da Conceição, em Porto Alegre — Foto: Silvio Avila/AFP

O

 Supremo Tribunal Federal (STF) manteve suspensa a lei que criou o piso salarial dos profissionais de enfermagem.

O julgamento da Corte, encerrado na quinta-feira (15), seguiu a decisão individual do ministro Luís Roberto Barroso, no início do mês, atendendo a uma ação apresentada pela Confederação Nacional de Saúde, Hospitais e Estabelecimentos e Serviços (CNSaúde).

A nova legislação– que permanece suspensa – institui o piso salarial nacional para enfermeiros, técnicos de enfermagem, auxiliares de enfermagem e parteiras, ou seja, o valor mínimo a ser pago para esses profissionais.

Os pisos estabelecidos pela lei são:

·        enfermeiros: R$ 4.750

·        técnicos de enfermagem: 70% do piso, chegando a R$ 3.325

·        auxiliares e parteiras: 50% do valor, R$ 2.375

·        Nesse cenário, o g1 ouviu especialistas em orçamento público e saúde para analisar possíveis impactos da lei (confira mais abaixo).

Qual é a discussão?

O centro da discussão está na equação entre a valorização dos profissionais da enfermagem e os impactos financeiros para instituições de saúde, estados e municípios.

Também são debatidas as fontes de custeio – ou seja, de onde virá esse dinheiro. É um dos destaques que Barroso considerou na liminar que suspendeu a aplicação imediata da lei.

Para o ministro, o Congresso Nacional e o governo federal não “cuidaram” desse ponto, e deu o prazo de 60 dias para entes públicos e privados da área da saúde esclarecerem o impacto financeiro, os riscos para empregabilidade no setor e eventual redução na qualidade dos serviços.

O que argumentam as entidades envolvidas

A favor do piso:

O Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), o Conselho Nacional de Saúde (CNS) – vinculado ao Ministério da Saúde – e sindicatos da categoria consideram “economicamente viável” o piso da enfermagem aprovado.

Estudo elaborado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e citado pelas entidades aponta que, atualmente:

·        56% dos enfermeiros recebem abaixo do piso de R$ 4.750,00;

·        85% dos técnicos de enfermagem recebem abaixo do piso de R$ 3.325,00;

·        52% dos auxiliares de enfermagem recebem abaixo do piso de R$ 2.375,00.

·        Sobre os reflexos da lei, o estudo indica que:

·        o impacto adicional para todos os setores (público, privado e instituições filantrópicas) seria de R$ 958,3 milhões mensais, ou R$ 15,8 bilhões anuais;

·        o impacto médio adicional anual seria de 2,08% da massa salarial do conjunto dos setores analisados, já considerando os encargos sociais;

O estudo não trata, no entanto, de onde viriam os recursos para esses pagamentos adicionais. 

Postar um comentário

Blog do Paixão

Whatsapp Button works on Mobile Device only

Start typing and press Enter to search